Ó paí ó: uma obra que do começo ao final leva cultura baiana à flor da pele. Sim, me senti atrás de um trio elétrico desde o começo do filme, onde diversas pessoas levam à tela os múltiplos jeitos de viver feliz. Com muito ritmo e uma enorme alegria, Lázaro Ramos apresenta ao público como é a sua cultura.

O jeito de ser baiano é especial. Para eles, tudo é bom, todas as coisas são lentas, ao ritmo do vento (às vezes mais devagar ainda), e a vontade de viver supera os problemas. Deste jeito, a obra protagonizada por Lázaro Ramos ao lado de Stênio Garcia, Wagner Moura, Dira Paes, dentre outras figuras (muitas delas aparecendo nas telas pela primeira vez) revela os bastidores de um carnaval digno do Pelourinho, sob a direção de Monique Gardenberg.

Somente quem andou a trás de um trio elétrico sabe o que é ouvir aquele som às alturas, sentir o bater do tambor ao ritmo do coração acelerado. Mas o filme traduz um pouco pelo sorriso do elenco, que deve ter vivido aqueles momentos de alegria com intensidade. Afinal, quando se faz o que gosta, fica fácil ter prazer e aproveitar o que tem de bom.

O baiano busca a felilcidade acima de tudo, independente de raça, credo, cor, time de futebol ou preferências sexuais. O importante é ser feliz. Isso me lembra o Xauã Puma um índio Pataxó que tocava flauta nos quiosques de Conceição da Barra, norte do Espírito Santo ao lado de um autêntico baiano, Ivan, com seu violão e a voz rouca segurando a balada. Os caras estavam sempre felizes em frente à platéia, mesmo que estivessem gripados ou com algum problema pessoa. Me lembro do dia em que fui conhecer a casa do Ivan em Eunápolis, indo para Porto Seuro. A casa era super simples, mas o baiano, feliz, orgulhava-se em mostrar o seu canto. Enquanto isso, o maluco do índio Xauã contruiu uma casa em que a entrada era uma passarela em forma de nota musical.

Aprendi com esses caras a essência do ser baiano, onde a alegria e a satisfação pessoal estão sempre acima de tudo. Por isso não abro mão da minha felicidade. Ó paí ó!